Saturday, February 2, 2008

Cheiro a Roubo

Finalmente consegui roubar-te uns abraços. O teu calor, o teu perfume... Quando o fiz, tu correspondeste. Primeiro, a medo, com respeito, com distância, depois eras tu quem não desfazia os abraços que eu te roubava. Houve uma vez que me agarraste na cintura, pelas costas, para ver melhor algo que te mostrava. Foi-te instintivo e soube-me tão bem, quase senti o teu respirar sobre a minha orelha... Já não fugias aos abraços e continuavas a tocar-me com essas tuas mãos grandes e quentes. Como desejei que o meu tempo parasse nos teus braços...

Gostei de me sentir próxima de ti. Não pares...

Cheiro a Mel

Ouvi o mel na tua voz. Nunca a ouvira assim, tão doce, tão clara, tão sorridente... Imagino o teu rosto do outro lado, o esboçar de um sorriso, que recordo... e sorrio.

Nunca dantes fora assim. Conheço-te desde sempre. Sempre olhei para ti com respeito e orgulho, mas eras apenas e somente uma entidade. Alguém importante, próximo, como um anjo, com asas para voar, com vôos muito diferentes dos meus, com idéias diferentes, com objectivos diferentes, um amigo sem idade, nem cor, nem género. Era isso que tu eras.

Passaram-se uns anos e parece que aconteceu tudo. Fizeste-te Homem. És grande, és sóbrio, sabes quem és. Já não andas perdido, já não sentes necessidade de te afirmar, tens confiança em ti próprio. Já te sentes livre para conversar sobre qualquer coisa. Estás tão crescido que ao fim de horas foste capaz de te abrir comigo e partilhar alguns medos, alguns receios, alguns sonhos. Coisas que nunca partilhaste. Coisas que não te sabia capaz de partilhar.

Cresceste, e eu também cresci. Sei quem sou e quem procuro para mim, e sei como não procurar. E não o faço. Até digo que tenho esperança. Apareceste assim, de repente, de rompante, como se há muito esperasses por este momento. Nem sei bem, mas acho que aos teus olhos também me fiz Mulher. Acho que começaste a notar isso muito antes de eu poder notar que eras Homem. Senti-o através das tuas posições, pelos teus gestos, pelos beijos deitados ao vento. Surpreendeste-me, mas não o estranhei. A verdade é que também me começava a sentir atraída por ti.

Houve um momento. Não sei quando, mas deve ter havido um primeiro momento, há sempre um primeiro momento. Quando dei por mim estava envolta numa névoa de momentos, de sons, de cheiros, de brincadeiras, de cumplicidade. O que trocámos entre nós parece muito mais do que a faísca de uma coisa simples e física. Não o sei explicar, nem sei se era disto que andava à procura. Sei, que me senti próxima de ti, senti-me acarinhada, senti-me presente. E nunca dantes me fizeste sentir assim.

Tão próxima que passei estas últimas semanas a pensar em ti. Não o conseguia evitar. Pensava nos momentos que sei que desperdicei. Naquele dia, por ingenuidade, talvez, por falta de conhecimento, certamente. Não poderia prever que me ia sentir assim. Ansiosa. À TUA espera.

Sonho abraçar-te, sentir esses braços grandes e envolventes em meu redor, sentir a tua respiração no meu pescoço, dar-te um beijo no canto da boca. Imagino cenas de ternura, de meiguice, de carinho, de desejo, de paixão. Passeios na praia, noites ao relento, acordares de maresia.

Quero-te. Mas quero mais que isso: quero-TE.