Thursday, September 18, 2008

Cheiro a Indie Rock Revisited

Sand everywhere.

Ando descalça pelo apartamento e ainda sinto a areia sob os pés. Daqui a nada tenho de ir, voltar à minha vidinha, e uma aspiradela a dar.

Foi uma loucura. Ou duas. Mais, até. Uma noite fluida, quente, suave, mágica. Foi uma onda em que nos encontrámos. Esta noite dormi pouco e mal, pensei imenso em ti e queria ter-te ainda a meu lado.


he big F word: financing”. Desafiaram-me a meter conversa contigo, o que até foi fácil de fazer. Tens a barba, as suissinhas, um olhão azul e um sorriso lindo. Tímido, simpático, quase unilateral. Super simpático. Um charme. Lindo de morrer.

Mas no dia seguinte estavas rodeado de colegas e fâs e mal nos falámos. Se bem que uma vez cruzamos olhares e quando desviaste o teu olhar sorriste sozinho. Esse gesto reflexo tão terno... Apesar dos abutres que te rodeavam consegui convidar-te para para o concerto de ontem, dei-te o meu cartão, disse-te para me mandares uma sms e fiquei com esperança de te encontrar no Campo. Para uma caipirinha especial.

Entretanto, saíste cedo de um jantar a que afinal não fui, mas eu apareci noutro jantar a que não ia. E sorriste e açenaste imenso quando me viste, eu que nem dava por ti. Quando passei pela tua mesa levantaste-te logo pra me perguntar se sempre havia concerto e nós íamos sair. Prometeste juntares-te a nós e assim foi, quando a malta da tua mesa dele se foi embora.


Fomos os dois no carro, sozinhos. “D’you mind if I take a look at the CDs?”. Go ahead”. Entraste em parafuso quando leste Bloc Party e pediste logo para ouvir. E Franz Ferdinand. E Maxïmo Park. Aquelas músicas que vivi noutro tempo, noutra vida, que me recordam uma outra cidade medieval, das festas Indie-Rock a que ia (quase) contrariada, de noites que eram diferentes, de um tempo em que me sentia mais estudante do que agora. E que agora têm mais memórias associadas. Contaste que não ouvias deste tipo de música desde que chegaste, e que nesses dias tinhas tido imensas saudades!... E nós a percorrer a marginal com vidros abertos e a cantar com a música aos altos berros? Priceless...

Quando estacionámos disseste "este momento foi muito inesperado. Não contava nada que também ouvisses as minhas coisas. I’m sorry if I seem hysterical, but I’m really, really happy. Agora nem me apetecia sair do carro". Me neither...


Independentemente da vontade, fomos ter com os outros colegas ao Campo.

Aos poucos foram-nos abandonando e ainda apanhámos um bocadinho do final do espectáculo.

Durante as últimas músicas do concerto e o fogo de artifício notei que estavas bem mais próximo de mim. “Foi o final perfeito para estes dias de trabalho: música, copos e um fogo de artifício lindíssimo numa noite bonita”, disseste. “E a companhia?”. Mmm. “Ah, a companhia, claro, e a dica de virmos até aqui, mas isso eu estava a guardar para dizer mais tarde”. I should’ve kissed you right then.


Ocorreu momentos mais tarde. Num momento qualquer que não sei precisar, a propósito não sei bem de quê. Houve um olhar profundo e eu beijei-te. Assim, sem mais nem menos. Meti tanto de mim naquele beijo, e tu não me soubeste recusar. Depois ainda brinquei contigo: “sempre quiz saber o que é beijar um tipo que está a fumar charuto”. Nada demais. O charuto, digo, que o beijo... mmm... Tens uns lábios carnudos, macios, suaves, gordos. Irresistíveis. Quiz beijar-te ainda mais. E beijámo-nos imenso, imenso... Simples, suave, foi tudo.

Depois de ouvirmos mais um pouco de música desafiaste-me: “Para a praia?” Eram 2h da manhã. Uma noite de céu estrelado, mas nublado, e uma lua cheia a decorar a noite. E estava calor. Horas antes, tinha-te falado na hipótese de irmos até lá de passio e certamente ficaste curioso.

Fomos. Agarrei na tua mão, deste-me os teus dedos a entrelaçar, e fomos até ao carro. Chegados lá, seguiste-me para o meu lado e, quando eu ia a dizer ”hey, it’s not Britain anymore!” agarraste-me pela cintura e beijaste-me novamente. Com mais força e mais ternura do que antes. E os beijos que se seguiram mais ainda. Eu só ouvia os carros passarem por nós e não sei quanto tempo ali estivémos. O carro, que tinha acabado de ser aberto, até se fechou automaticamente.

Deviam ser umas 2h da manhã quando fomos para a Praia Pequena. A noite estava óptima, quente, nem parecia meio de Setembro. A lua redonda, grande, a noite clara. Algumas estrelas. Algumas nuvens. E o mar batido. Ainda assim, quiseste viver este local plenamente e convenceste-me a entrar na água. Em lingerie. Desirmanada, ainda por cima, que eu não estava preparada para flirts nem para banhos nocturnos.

Uma grande loucura! Senti-me teenager, como se tivesse os teus 20 anos. Via-te sorrir e deixava-me embalar por esse sorriso. E pelos momentos em que estávamos próximos, e o teu olhar congelava, fixava-se num ponto, nos meus lábios, e estendias os braços e puxavas-me para ti. As mãos na água, em água.


Eu só tinha uma mísera toalha e ficámos praticamente encharcados. E com frio. Viemos para baixo, para a minha casa, para um duche quente. A dois. Quente, terno, suave. Mãos, água, gel e nós. “You have lovely ...”. Risos. Que se responde a isso? “Really, love them”.

Cansei-me da água nos olhos, que me fazia chorar, e arrastei-te para o meu quarto. Foi giro. Foi um misto de pedidos e ordens, desejos e conversas mais picantes. Foi mesmo booom. Ainda ficámos um bom bocado na cama a conversar e decidimos depois que eu te ia levar. “Que pena não ter havido um concerto mais cedo nestes dias do fórum. It would have been nice to sleep with you one night”. It certainly would

Ao descer para o carro trauteei uma música dos MP que tínhamos ouvido antes. Ficara no ouvido! Ele cantou comigo e pu-la a tocar assim que entrámos no carro. Ficámos em silêncio. “I bet you’ve made some new memories to that song”. Sim, sem dúvida. “I’m sure I have”.

E com estas doçuras me desarmavas. Me desarmaste. Muito terno. Muito real. Muito quente. Muito elegante. Muito delicado. Muito terno. Um momento. Um grande momento. A real moment.


It was really nice to meet you”, ao que respondi “I hope we meet up again at some point”. Para rever aqueles olhos e aquele sorriso.

Wednesday, September 3, 2008

Cheiro a Parvoíces

Eu podia ter ido ter contigo mesmo antes de partires.. eu podia ter feito uma data de coisas por ti, mas não me deixaste. Ainda assim, após tanta nega e tamanha ausência ainda estava disposta a passar a noite em claro. E acordei cedíssimo só para enviar uma sms.. Parvoíces.

Meias-palavras e entrelinhas são giras, bem sabes como gosto delas, de brincar com os termos e moldar às frases às minhas necessidades. Dizer nada mas estar lá tudo, ou falar tudo nem nada dizer, mas às vezes essas dubiosidades não são suficientes. Nesses dias não o foram e agora também não me chegam. Se calhar com um abraço tudo teria sido diferente...

Sei que andaste super ocupado e que vieste com objectivos profissionais. Por isso estive disponível o mais que pude, e tentei sempre dizer-to, para que o soubesses, para também eu sentir que fazia alguma coisa por nós, para nunca me arrepender do que não fizesse, e quantas mensagens foram!, para que me avisasses de quaisquer 5 minutos que pudesse haver, no matter when or where or how...

Tinha tantos planos.. Para passeios não ia dar, certamente, nem jantares fora nem serões fora de casa. Mas haveria os jantares em casa, ou pelo menos os serões em casa. Um café a meio da tarde? Uma boleia de carro? Tantas hipóteses no papel e nenhuma concretizada. Havia filmes, montes de livros e imensas conversas a haver. Queria contar-te tanta coisa, mostrar-te tanto... este meu mundinho a cores e a preto e branco.

Ainda assim, nem sim nem sopas. Nem te decides e queres mesmo, nem deixas de querer. “Promessas perdidas escritas no ar”... E eu à espera. Qual teenager, mesmo à beira do telefone. Sempre à espreita, sempre à tua procura. E isso não mata, mas mói... E dói...

Foste um idiota. E eu uma parva. Por acreditar.