Saturday, February 27, 2010

Cheiro à Química Mágica de uma Aproximação

Começámos a conversar online numa quarta-feira. No sábado seguinte estava num bar a contar a uma amiga querida o quão acompanhada me sentia. Até essa altura acho que esperava um flirt, uma brincadeira, talvez até um pequeno affair escaldante, mas foi dessas horas maravilhosas de conversa sobre tudo e sobre nada que nasceu uma pequena cumplicidade, um pequeno nada que foi crescendo até poder ser tudo. Até PODER ser tudo.


Falávamos de ti, de mim, de nós. Talvez te seja mesmo difícil falares de ti, parece-me agora que te conheci melhor por escrito do que frente a frente. Havia planos relacionados com hobbies e interesses comuns, havia “promessas perdidas escritas no ar” e havia interesse, muito interesse, mesmo, em continuar aquelas conversas intermináveis que pareciam nunca se ir esgotar. Foram dias mágicos. Foram dias passados a sonhar, a sorrir, e a sorrir de tanto sonhar.


Estava algo para acontecer. Tu sabias. Eu sabia. E íamo-nos aproximando cada vez mais. Trocamos números de telemóvel e começaram as sms espontâneas, curtas, provocantes. Nessa semana vimo-nos várias vezes e de todas as vezes que nos separávamos trocámos sms de seguida. 30 segundos depois. Havia sempre algo a comentar, um rasto para deixar, uma presença especial para marcar. Foram dias mágicos.


Por força das circunstâncias, tinha data para acontecer. Não é charmoso nem estiloso de contar nestas linhas, mas foi a nossa realidade. Nunca mais chegava aquele dia… Na véspera mandaste uma boca, querias deitar tudo ao ar e estar comigo nessa noite. Eu, mais comedida, mais segura de mim mesma, fiz-te frente, recusei, combinei para o dia seguinte. Mas esse dia parecia não mais chegar e as tuas sms queridas e ternurentas, enviadas em compasso rápido e acelerante, iam aumentando em mim a expectativa, a ansiedade, a vontade de te ver. Acedi.


Apareceste-me à frente a meio da noite e passámos umas boas horas a conversar. Apenas a conversar. Dias mais tarde dir-me-ias que tinhas “vindo marcar pontos”. Foi difícil resistir, mas tanto tu como eu respeitámos bem as distâncias de segurança e as conversas “proibidas” e conseguimos resistir. Foi difícil. Muito difícil. Especialmente quando à despedida te aproximaste de mim lentamente para me dar um beijo na face. Um beijo que parecia nunca ir ocorrer – a barba fofa roçava de leve a minha face, senti o teu nariz perto da minha orelha, a barba novamente e um beijo na face, a 3 mm de distância do canto da minha boca. Suspiro! Apetecia-me gritar de nervos. Apetecia-me agarrar-te pela cintura, puxar-te e deixar esse beijo ansiado acontecer. Mas não, ainda não podia ser. Portanto cerrei os pulsos, mantive as mãos para baixo, cerrei os dentes, fechei os olhos com muita força e esperei que passasse. Não contava que até te atirar para dentro do elevador fosses repetir essa proeza mais duas vezes. E eu sempre a resistir. Não sei como. Foram momentos intensos.


Finalmente chegou o dia seguinte. Combinamos um jantar improvisado e vieste cá ter comigo. Conversámos, rimos, brincámos. Estavas sentado à mesa e mexias o pescoço como se te incomodasse. Instintivamente, aproximei-me de ti, pelas costas, e comecei a massajá-lo. Senti de perto o teu perfume e uma grande vontade de te abraçar. Deixei os meus braços descerem pelos teus e aí levantaste-te de repente. Agarraste o meu braço direito com o teu esquerdo, fizeste uma pirueta sobre ti mesmo e ficaste de pé, à minha frente, unidos pelo braço. Uma manobra perfeita como as que vemos nos filmes. Sorríamos um para o outro e a senti a tua respiração, ofegante, como a minha. Aproximamo-nos um do outro e roubei-te uma snifadela no pescoço. E tu acariciaste-me a face, de leve, como na noite anterior. Fizeste vir ao de cima todas as emoções recalcadas daquela noite durante os momentos intermináveis em que sentíamos a proximidade um do outro. E, finalmente, beijámo-nos. Com toda a intensidade, a ternura e a premência antecipadas. Com braços e cinturas e pescoços e olhos e costas e braços. Foram momentos mágicos.

Tuesday, February 23, 2010

Cheiro a Química que se Faz e se Desfaz

Agora que se desfez a ilusão e que fui conquistada por um desânimo geral, sinto que já não és tão grande que não caibas naquelas “letrinhas de mim”. Penso, pelo contrário, que devo encaixar-te nessas letrinhas de mim para te arrumar num ficheirinho nas minhas memórias e poder ver-te no meu passado, conseguir integrar-te no meu presente, de forma neutra, amigável, mas sem me permitir imaginar-te no meu futuro.

Vou contar a tua história. A história da nossa aproximação. Tu, eu e tudo o que não podia ser. Ou que ainda não podia ser. Que é uma história gira, ternurenta e apaixonante, como todas as histórias de telenovelas que se decompôem em pedacinhos mais pequenos para parecer que são maiores ainda... Foram muitas etapas pequeninas, passinhos de formiga que rapidamente se avolumaram e nos embrulharam numa espiral tal que nos consumiu numa paixão assolapada…
Sorrio ao recordar.

No início era apenas uma troca de palavras, de imagens, de emoções. Foi um diálogo para além das palavras, dos sons, dos olhares que trocávamos. Tínhamos uma comunicação que parecia fluir por ondas cósmicas, electromagnéticas, seguindo uma linguagem própria que nem eu nem tu conhecíamos. Não nos podíamos falar, nem olhar, nem tocar. Só sentíamos a presença forte do outro ali por perto...

Assim que surgiu a oportunidade, enviaste-me um mail. Inofensivo, parecia, mas desde o início que tudo tinha intuito e duplo significado. Também fui apanhada quando te dei um contacto de chat disfarçadamente, mas de propósito, que te apressaste a adicionar para iniciar conversas. Não perdeste tempo. Em altura alguma perdeste tempo, tudo foi jogado de modo a fluir… Em retrospectiva, poderá ter sido tudo um jogo, mas recordo esta história como terrivelmente romântica, esperançosa, terna, carinhosa, com a magia característica do aproximar entre duas pessoas que se encontram por um acaso do destino e que querem gostar uma da outra. Mais…

Vimo-nos. No meio de imensa gente. Passei muitas vezes por ti, dias depois dizias “Quero ir ter contigo para ver se estás a usar o mesmo perfume de sábado. Era boom”. Mas nesse encontro público evitámo-nos. Fizémos ambos um esforço sobre-humano para nos sermos indiferentes, para nos sermos neutros. Se alguém estivesse com atenção teria notado que nos esforçámos. Demais.

As conversas e mensagens intensificaram-se e foram-se tornando mais reais e mais cruas. Revelavam desejos, intensões, emoções. “Apetece-me”, dir-me-ias, na noite que não seria, e essa frase ficou registada como nossa, como código central da nossa linguagem. “Hmm”.

E houve aquela noite que não poderia ser. A noite do beijo prometido que não podia ser um beijo. Uma noite normal, como todas as outras, mas tão abertamente cheia de desejo e vontade que foi como o selar de um contrato. Tu querias, eu queria, nós queríamo-nos. Por isso tinhas essa necessidade premente de me ver, naquela noite, naquelas circunstâncias, apesar de tudo. E eu tinha de resistir, mas senti necessidade de ceder um bocadinho. Afinal de contas, queria ver-te. Queria muito. Queria sentir cara a cara aquilo que se adivinhava nos momentos em que estávamos juntos sem estar juntos. Semanas mais tarde dir-me-ias que esta noite especial não significou o que parecia significar.

Foi uma Química que nos aproximou um do outro, foi outra química que nos uniu. A pureza desta relação reside nos momentos únicos e presentes que foram vividos. Naquela vontade que ambos tivemos de estar juntos, de nos termos um ao outro. De nos termos mais um pouco. Uma harmonia tão real e tão vivida que dá mesmo pena teres querido abdicar dela. Tenho saudades. De nós. Na química dos olhares, das conversas, dos convites, dos desafios, das combinações, dos encontros fora de horas, dos braços, dos amassos, das dentadas, das snifadelas, dos ombros, dos duches e em Braille entendíamo-nos bem, muito bem… Tenho saudades.

Sunday, February 21, 2010

Cheiro a Química que se esfuma no Ar

No outro dia calhou-me esta frase no pacotinho da Nicola "Um dia deixo de pensar em ti e parto para outra. Hoje é o dia". Estava a jantar fora com duas amigas que me deitaram um olhar incisivo e disseram: "Vês? Hoje, Eva, hoje!!" e não pude evitar sentir um baque no estômago, uma dorzinha leve que se insinua no peito, aquele sentimento de derrota que se apodera de nós e nos diz: "It's ok to give up now".

Guardei o pacotinho. Trouxe-o para casa e dependurei-o ao pé de um mapa semanal que tanto rabisco. Pensei que se fosse lendo aos bocadinhos, aquele pacotinho, interiorizaria a mensagem mais facilmente. E menos dolorosamente. Um dia. Deixo. De pensar em ti. Ui! Hoje...

Há semanas atrás corria tudo sobre rodas. Mensagens, conversas, indirectas, convites, muitas iniciativas da tua parte. E os momentos a dois? Meiguices, ternuras, olhares, toques, aromas, mais aromas, mais toques e sei lá que mais.. De uma envolvência que ultrapassa o físico, ultrapassa a química, ultrapassa-te a ti e a mim e a nós. Não te sei descrever o que sinto por ti, mas sei dizer como me sinto quando estou contigo. E a falta que me fazes quando já não estás por perto. E quando não respondes às sms. E quando não tens iniciativas. E quando me dás respostas secas e ocas. E quando te escondes por entre meias palavras que só conversas agrestes e chorosas conseguem puxar para fora e esclarecer.

Corria tudo bem, tivémos umas horas mágicas que foram um momento auge.. Em menos de nada tornaste-te frio. Distante. Começaram as respostas frias e evasivas. Começaram as minhas dúvidas, o meu não querer acreditar, pois se até àquele momento estávamos em plena sintonia e a nossa relação era tão maior que nem cabia em letrinhas de mim, e todos os pequenos passos foram dados por ti, até os grandes passos, aqueles que eu não podia dar porque naquela altura não podíamos estar juntos, se os tinhas dado todos, que se teria passado? Horas de dúvidas, pensamentos, desabafos, aconselhamentos. Uma tortura. Até te confrontar. Custou horrores, mas tinha mesmo de te confrontar.

Dizes que tudo isto é casual, que é uma coisa de momento, que te recusas a fazer planos. God, és incapaz de me dizer se no dia seguinte à tarde vais ter tempo para estar comigo. É uma coisa tão simples, yet, és incapaz de te comprometer a esse nível. E uma coisa tão pequena. Dizes que é coisa espontânea, do momento, na onda de "eu estou só e apetece-me e se a ti te apetece também, óptimo! Se não der, fica para outra vez". Só que até agora estive sempre disponível. Sempre com vontade. Sempre com tempo. Vou ter de deixar de estar. Vais ter de sentir o que é desejares-me e não me poderes ter. E vou ter de aguentar firme, imaginando-te a desejares-me, ou a ignorares-me, durante minutos intermináveis em que vou saber que estavas disponível, com vontade de estar comigo, e fui eu quem não aceitou. Vou roer-me toda de imaginar que nesse momento poderias estar a abraçar-te...

Estiveste muito tempo com uma pessoa. Eras feliz. Tinhas planos. Explicas-me que é por causa disso que agora te recusas a fazê-los. Até com amigos. Até a visualização de jogos de futebol só combinas no próprio dia. Sobre esse grande primeiro amor não me contas mais do que isto e recusas-te a deixar-me perguntar mais sobre o assunto. Não pergunto. Nem sei se quero saber. Apenas quero compreender as barreiras que construiste à tua volta e como e quando e se algum dia serão deitadas ao chão.

Até porque te esqueces de que eu não sou como ela. E de que tu já não és a mesma pessoa. E de que eu não tenho o poder de te magoar como ela tinha, que te conhecia tão bem. E esqueces-te de que eu, que estou aqui, agora, a querer conhecer-te, por gostar de ti, não te pretendo magoar... Pelo contrário, pretendo conhecer-te para te cativar, para saber "what makes you tick", para saber como te mostrar que eu sou quem tu mais desejas.. Quem deve estar a teu lado...

Dizes que não te consegues dar mais a conhecer. Nesta fase. E fazes questão em ressalvar que é apenas uma fase. Mas depois da relação de tiveste essa fase ainda vai durar anos. Se o teu luto durar metade da duração de uma relação, como os meus, estamos a falar em.. cinco vezes quatro noves fora.. Muito tempo. Mesmo.

A meio de uma conversa destas "chatas", mais difíceis, confrontei-te. Afinal o que quererias de mim? Não terias necessidade nenhuma de aturar conversas assim, penosas, nem mal-entendidos.. Admitiste não o saber. "Eu quero qualquer coisa. Claro que quero. Mas não sei o que é".

Tuesday, February 2, 2010

Cheiro a Química no Ar

Dias depois, começava a sentir grandes emoções.

Começou devagarinho, devagarinho, com uma aproximação suave e demorada que se foi apoderando de mim... Um desenrolar de surpresas e um desfolhar de sorrisos..

De momento, não sei contar mais nada. Esta história é tão maior que não cabe nestas letrinhas de mim. E tem aromas... muitos aromas...:)