Sunday, August 31, 2008

Cheiro a Tutti Frutti

Não sou muito fã de Tutti Frutti. Aquilo é sempre uma misturada de coisas e nunca se sabe bem o que vai lá estar. Mais morango? Mais kiwi? Mais banana? Fresca ou madura? O Tutti Frutti mais doce ou mais ácido? As peças mais rijas ou mais tenras?

Pior que salada de frutas ainda são as coisas com aroma a Tutti Frutti. Gelatina. Gelado. Iogurtes. Como é que se define o Tutti Frutti? Como é que pode haver apenas UM aroma? Para mim o Tutti Frutti é uma miscalânea de coisas, uma surpresa, uma alegria, uma decepção ou apenas mais um tutti frutti...

Quando me sentei aqui não sabia que nome dar a este post. Nasceu num dia qualquer à noite, num concerto, num momento triste, em que a música envolvente se apoderou de mim e me fez sorrir. Sorriu-me, embalou-me, envolveu-me de tal forma que abandonei aquela tristeza e entreguei-me.

Pensei em mim, em ti, e em ti, e em ti. Nalguns "ti"s que anda(ra)m por aí. Houve uma altura em que eram cinco "ti"s. Um mais novo, um mais velho e um mais baixo. Um longe e outro mais longe ainda. Todos diferentes: eles, os flirts, as conversas, as partilhas.

A dada altura sobressaiu um. Destacou-se dos outros porque.. bem, não sei dizer porquê. Porque sim. Eu até nem lhe estava a dar muita importância, as coisas à distância são o que são e não podem ser mais do que isso. Mas houve um momento. E outro momento. E outro. E como a vida é feita de momentos, um dia notei que já havia uma manta de retalhos de momentos. De repente, era óbvio, tinha de ser. Eu não escolhi assim. Eu não te escolhi.

Estava triste porque não te conseguia encontrar. O poder daquela música foi tal, que o esqueci e desejei partilhar aquele momento especial com alguém especial. Ainda bem que estava rodeada pelos alguéns muito especiais que me arrastaram para ali.

A magia da música propicia aos pensamentos em catadupa e quando dei por mim assistia à minha vida, como a um filme. Momentos... Muitos, muitos estranhos, muitos envolventos, imensos intensos. Colecciono-os. Aos momentos.

Wednesday, August 6, 2008

Cheiro a Apprivoiser

Num domingo qualquer, igual a tantos outros domingos, senti a tua falta.

De um momento para o outro, não estavas lá, nem era suposto estares, mas eu desejei que estivesses. Fiquei intrigada.

Seguiram-se conversas próximas, íntimas, envolventes. Maravilhosas. Aquele tipo de sintonia que sempre desejei ter. E que não desejei ter contigo. Contigo apenas aconteceu.

Tudo isto foi overwhelming, um choque, até. De repente precisava de saber que estavas bem. De repente preocupava-me contigo. De repente suspirava por ti. Por uma atenção, por um carinho.

Pensando bem, foi tudo devagarinho. Apareceste de surpresa com anos de hitórias a recuperar. Trazias uma energia contagiante e irresistível. Deixei-te entrar na minha vida, aos bocadinhos, com passinhos pequeninos e inocentes e agora preciso de ti. De repente senti que precisava de ti. Preciso da tua companhia, adoro as nossas conversas, às vezes só preciso de sentir que estás aí, perto, em sintonia. E se dizes que pensaste em mim.. delicia!

Quero ver-te. Quero estar contigo. As texturas, os cheiros e em tempo real.

Je me suis apprivoisée.



“Qu’est-ce que signifie “apprivoiser”?

C’est une chose trop oubliée, dit le renard. Ça signifie créer des liens...

Créer des liens?

Bien sûr, dit le renard. Tu n’es pas encore pour moi qu’un petit garçon tout semblable à cent mille petits garçons. Et je n’ai pas besoin de toi. Et tu n’as pas besoin de moi non plus. Je ne suis pour toi qu’un renard semblable à cent mille renards.

Mais, si tu m’apprivoises, nous aurons besoin l’un de l’autre. Tu seras pour moi unique au monde. Je serai pour toi unique au monde...”

              Saint-Exupéry, Le petit prince

Monday, August 4, 2008

Cheiro a meio de Verão

Chegou e apoderou-se. Uma explosão de luz, calor, esperança e mar, muito mar...
Banhos, cafés, chats e conversas...

Foi chegando, assim, de mansinho, tanto que nem dei por ele.
Por mim continuava no início do Verão. Passava o ano inteiro no início de Verão, com todas as esperanças, todas as promessas, as horas por viver, as viagens planeadas e ainda não canceladas, as amizades novas.

Mas, de repente - nunca é verdadeiramente "de repente", existe uma percepção, uma suspeita, talvez até uma falta de atenção - de repente, aí estava ele e inundava-me a casa com o seu calor e a sua energia.

É tempo de viver novamente.
As emoções, as cores, os aromas, as recordações, as peles.