Foi inesperado.
Foi planeado, é certo, dirias que era previsível, e até concordo, mas não imaginava ser assim. Acima de tudo, a presença, a meiguice, a intensidade da coisa. Tu estavas ali, comigo e eu estava lá, também, contigo. Nessa noite fomos tudo um para o outro. Senti que o fomos. Desde as conversas que tivémos sobre os mais variados temas, a flirts no bar, a um beijo na varanda, a pernas entrelaçadas no sofá... Parecíamos teenagers. 17 anos e a descoberta um do outro. Que giro foi.
Duas semanas antes tinhamos tido uma conversa escaldante, puseste-nos em contexto de sexo. Assim, sem mais nem menos, sem rodeios. Afinal, para quê os rodeios depois daquela noite intemporal em que ambos queríamos estar juntos? Deixaste-me de rastos, completamente perdida, chocada e, pior, a desejar saber do que falavas. Curiosérrima. Isso não se faz :S.
Houve um dia em que me perguntaste quando eu voltaria a essa cidade. Tinhas receio de nos desencontrarmos, uma vez que ias ausentar-te num destes fins-de-semana. Achei querido teres pensado nisso. Depois voltaste aos teus dramas e à tua rotina e à tua neura, e refugiaste-te novamente por detrás dos “talvez”es, “não sei” e “não sou a melhor companhia”. Mas já sei como és. E sei que se quiseres, tu consegues. E fazes. Sei que não tens medo de dar passos em frente.
Na semana anterior disse-te, a jeito de provocação, a ver se te tirava daquele marasmo: “Afinal fico até sábado, tens mais um dia para me desprezar”. “Parva! Tenho é mais 24h para encontrar uma boa onda para surfarmos juntos”. E dois abracinhos. Surpreendeste-me tanto com essa conversa que até hoje ainda não te soube responder. Querido. Carinhoso. Terno. Educado. Sou capaz de encontrar adjectivos para qualificar o “gesto”, mas quanto ao resto... sei lá que mais!
No fim-de-semana anterior trocámos conversas e mensagens. Afinal o jantar de domingo passava para segunda “se a boa onda se mantive[sse]”.”um brinde às boas ondas!” Vens sempre bem disposto de um passeio, de uma volta. Vês como precisas de contacto humano, de distracção?
Passámos a segunda-feira toda sem nos comunicarmos. Ouvi dizer que íamos sair (como o mundo é pequeno e tudo se descobre!), que contavas sair comigo, mas como não tinhas dito nada mandei-te uma sms a perguntar como estavas. Ligaste-me logo a dizer que vinhas ter a minha casa, que esperavas por mim à porta, no carro, a ouvir música. (Que voz quente e segura...) Que não te importavas de esperar. Que até esperavas que eu me despachasse, etc. Não te importavas. São gestos valiosos, momentos preciosos, esses, em que me deste um pouco de ti.
Ainda tentaste mandar uma boca indecente, um convite provocante. Viste-me qual barata tonta, desorientadíssima, à procura do caminho para o duche, sabendo-te ali, aqui, tão perto. À espera. Detesto deixar as pessoas à espera. E estava nervosa por estares ali. “Queres que eu vá contigo?”. A frase atropelou-se por entre outras frases e fingi não a ter ouvido. Na realidade, apetecia-me dizer “sim”, mas não sabia o que fazer e calei-me.
Fomos jantar fora a um vegetariano que dizes adorar. Giro, caricato, íntimo. Escolheste sentarmo-nos lá dentro porque era mais “íntimo”. Gostei. A comida era excelente, o ambiente óptimo e a companhia não podia ser melhor. Em redor do restaurante um mini-jardinzito, umas pausas no caminho, uns olhares parados no longínquo, nas águas da fonte, à procura dos sapos nos nenúfares, e o desejo de um toque, de um abraço, de um sinal.
Tens a mania que não me consegues surpreender e parece que passas a vida a tentar. Dizes que sou muito culta, e uma cidadã do mundo, e passas a vida a mostrar-me detalhes do mundo que eu muitas vezes já conheço. É giro vê-lo. Gosto de notar que sou um pequeno desafio para ti. Mas estás enganado, já me surpreendeste tanto, e em tão pouco tempo, que nem sei explicar...
Levaste-me a um bar marroquino, continuando a nossa onda árabe. Falámos de tudo, rimo-nos de nós próprios e das imagens que há de nós. Bebemos uns copos e fomo-nos logo embora. Não era ali que a noite devia continuar. Apesar de não termos falado no assunto, depreendi que vinhas para casa comigo. Estava nas entrelinhas das conversas passadas, mas ainda assim, com tantos “se”s no ar, não havia certezas. Mesmo ao chegar aqui a casa mandei-te uma boca, evitando o constrangimento à chegada, à porta. “Estás bêbado, não devias continuar a guiar agora”. “Não, não estou, mas também não, não vou”.
Fomos para a varanda, como da outra vez. “Há quanto tempo já não vinha cá?”, perguntaste. “Há três meses”. “Passou tanto tempo assim?”. Pois. Três meses de expectativas., de altos e baixos, de bocas e emoções. Como tudo na vida. Uma salada russa de sabores.
Dei uma volta pela casa e quando voltei à varanda: “Miúda, tu ÉS boa onda”. Eu SOU boa onda. Só precisas de te aproximar de mim para estar numa boa onda. Que elogio. Senti-o logo na pele, arrepiada, no coração, acelerado, na voz, fraca e nos passos que dei e no abraço com que te envolvi e te beijei.
Abancámos no sofá e ficámos montes de tempo à conversa, feitos teenagers encantados à descoberta de si próprios. Braços por cima, pernas entrelaçadas, umas festinhas de leve, na mão, no braço, na perna, no cabelo. Um beijo aqui, outro acoli, e muita conversa. Falámos de tudo, sobretudo de relações passadas. Sobretudo tuas, que me quiseste contar... Pedacinhos de ti.
O que se seguiu foi o esperado. Mais mimos, mais olhares, mais toques, mais carícias, mais suspiros e uns gemidos... abraços imperdíveis. Tive a sensação de estar num local conhecido. Como se isto já tivesse acontecido antes. Aquela sensação de querer estar ali. Mais do que isso: de saber que era ali que devia estar...
À saída daqui de casa voltaste à porta para me dar um beijo na face. Molhado, quase. Quente. Daqueles gestos carinhosos que normalmente não ocorrem num affair. O que mostra que nos sentimo próximos um do outro.
Em suma: senti-me presente. Estavas ali para mim e eu para ti. Acarinhada. Tanto mimo... Desejada. Que olhares! Que toques... Senti-me, numa palavra, viva.
Vem cá ter comigo. Quero rever o teu abraço. Sentir-me novamente protegida. Sentir o teu calor. Respirar o teu cheiro. Ouvir a tua voz. Ver esse sorriso malandro. Deixar-me embalar pela nossa boa onda e ver que descobertas mais podemos fazer juntos. Até ao infinito!
Foi planeado, é certo, dirias que era previsível, e até concordo, mas não imaginava ser assim. Acima de tudo, a presença, a meiguice, a intensidade da coisa. Tu estavas ali, comigo e eu estava lá, também, contigo. Nessa noite fomos tudo um para o outro. Senti que o fomos. Desde as conversas que tivémos sobre os mais variados temas, a flirts no bar, a um beijo na varanda, a pernas entrelaçadas no sofá... Parecíamos teenagers. 17 anos e a descoberta um do outro. Que giro foi.
Duas semanas antes tinhamos tido uma conversa escaldante, puseste-nos em contexto de sexo. Assim, sem mais nem menos, sem rodeios. Afinal, para quê os rodeios depois daquela noite intemporal em que ambos queríamos estar juntos? Deixaste-me de rastos, completamente perdida, chocada e, pior, a desejar saber do que falavas. Curiosérrima. Isso não se faz :S.
Houve um dia em que me perguntaste quando eu voltaria a essa cidade. Tinhas receio de nos desencontrarmos, uma vez que ias ausentar-te num destes fins-de-semana. Achei querido teres pensado nisso. Depois voltaste aos teus dramas e à tua rotina e à tua neura, e refugiaste-te novamente por detrás dos “talvez”es, “não sei” e “não sou a melhor companhia”. Mas já sei como és. E sei que se quiseres, tu consegues. E fazes. Sei que não tens medo de dar passos em frente.
Na semana anterior disse-te, a jeito de provocação, a ver se te tirava daquele marasmo: “Afinal fico até sábado, tens mais um dia para me desprezar”. “Parva! Tenho é mais 24h para encontrar uma boa onda para surfarmos juntos”. E dois abracinhos. Surpreendeste-me tanto com essa conversa que até hoje ainda não te soube responder. Querido. Carinhoso. Terno. Educado. Sou capaz de encontrar adjectivos para qualificar o “gesto”, mas quanto ao resto... sei lá que mais!
No fim-de-semana anterior trocámos conversas e mensagens. Afinal o jantar de domingo passava para segunda “se a boa onda se mantive[sse]”.”um brinde às boas ondas!” Vens sempre bem disposto de um passeio, de uma volta. Vês como precisas de contacto humano, de distracção?
Passámos a segunda-feira toda sem nos comunicarmos. Ouvi dizer que íamos sair (como o mundo é pequeno e tudo se descobre!), que contavas sair comigo, mas como não tinhas dito nada mandei-te uma sms a perguntar como estavas. Ligaste-me logo a dizer que vinhas ter a minha casa, que esperavas por mim à porta, no carro, a ouvir música. (Que voz quente e segura...) Que não te importavas de esperar. Que até esperavas que eu me despachasse, etc. Não te importavas. São gestos valiosos, momentos preciosos, esses, em que me deste um pouco de ti.
Ainda tentaste mandar uma boca indecente, um convite provocante. Viste-me qual barata tonta, desorientadíssima, à procura do caminho para o duche, sabendo-te ali, aqui, tão perto. À espera. Detesto deixar as pessoas à espera. E estava nervosa por estares ali. “Queres que eu vá contigo?”. A frase atropelou-se por entre outras frases e fingi não a ter ouvido. Na realidade, apetecia-me dizer “sim”, mas não sabia o que fazer e calei-me.
Fomos jantar fora a um vegetariano que dizes adorar. Giro, caricato, íntimo. Escolheste sentarmo-nos lá dentro porque era mais “íntimo”. Gostei. A comida era excelente, o ambiente óptimo e a companhia não podia ser melhor. Em redor do restaurante um mini-jardinzito, umas pausas no caminho, uns olhares parados no longínquo, nas águas da fonte, à procura dos sapos nos nenúfares, e o desejo de um toque, de um abraço, de um sinal.
Tens a mania que não me consegues surpreender e parece que passas a vida a tentar. Dizes que sou muito culta, e uma cidadã do mundo, e passas a vida a mostrar-me detalhes do mundo que eu muitas vezes já conheço. É giro vê-lo. Gosto de notar que sou um pequeno desafio para ti. Mas estás enganado, já me surpreendeste tanto, e em tão pouco tempo, que nem sei explicar...
Levaste-me a um bar marroquino, continuando a nossa onda árabe. Falámos de tudo, rimo-nos de nós próprios e das imagens que há de nós. Bebemos uns copos e fomo-nos logo embora. Não era ali que a noite devia continuar. Apesar de não termos falado no assunto, depreendi que vinhas para casa comigo. Estava nas entrelinhas das conversas passadas, mas ainda assim, com tantos “se”s no ar, não havia certezas. Mesmo ao chegar aqui a casa mandei-te uma boca, evitando o constrangimento à chegada, à porta. “Estás bêbado, não devias continuar a guiar agora”. “Não, não estou, mas também não, não vou”.
Fomos para a varanda, como da outra vez. “Há quanto tempo já não vinha cá?”, perguntaste. “Há três meses”. “Passou tanto tempo assim?”. Pois. Três meses de expectativas., de altos e baixos, de bocas e emoções. Como tudo na vida. Uma salada russa de sabores.
Dei uma volta pela casa e quando voltei à varanda: “Miúda, tu ÉS boa onda”. Eu SOU boa onda. Só precisas de te aproximar de mim para estar numa boa onda. Que elogio. Senti-o logo na pele, arrepiada, no coração, acelerado, na voz, fraca e nos passos que dei e no abraço com que te envolvi e te beijei.
Abancámos no sofá e ficámos montes de tempo à conversa, feitos teenagers encantados à descoberta de si próprios. Braços por cima, pernas entrelaçadas, umas festinhas de leve, na mão, no braço, na perna, no cabelo. Um beijo aqui, outro acoli, e muita conversa. Falámos de tudo, sobretudo de relações passadas. Sobretudo tuas, que me quiseste contar... Pedacinhos de ti.
O que se seguiu foi o esperado. Mais mimos, mais olhares, mais toques, mais carícias, mais suspiros e uns gemidos... abraços imperdíveis. Tive a sensação de estar num local conhecido. Como se isto já tivesse acontecido antes. Aquela sensação de querer estar ali. Mais do que isso: de saber que era ali que devia estar...
À saída daqui de casa voltaste à porta para me dar um beijo na face. Molhado, quase. Quente. Daqueles gestos carinhosos que normalmente não ocorrem num affair. O que mostra que nos sentimo próximos um do outro.
Em suma: senti-me presente. Estavas ali para mim e eu para ti. Acarinhada. Tanto mimo... Desejada. Que olhares! Que toques... Senti-me, numa palavra, viva.
Vem cá ter comigo. Quero rever o teu abraço. Sentir-me novamente protegida. Sentir o teu calor. Respirar o teu cheiro. Ouvir a tua voz. Ver esse sorriso malandro. Deixar-me embalar pela nossa boa onda e ver que descobertas mais podemos fazer juntos. Até ao infinito!
2 comments:
Emoções... muito para além do affair.
Será?
Talvez tenha sido isso que ele pensou... nunca mais me falou... :(
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