Eu não queria. Naquela noite, naquele dia, naquela semana. Eu não queria. Para mim, já não fazia sentido. Tinha sido um flirt de Verão. Um flirt mágico, doce, cheio de sintonia e algo que não sentir naquela altura. Tinha o coração dorido, amargurado pelos eventos recentes e não me sentia preparada para ter alguém na minha vida. Nem tu. Tu também ficaste surpreso pelo modo como as coisas aconteceram entre nós, a surpresa que ambos tivémos.
Lembro-me de fumar um cigarro que não queria e de nos ter trancado no teu carro. "Não saímos daqui enquanto não me deres um beijo". E beijei-te. E escorregaste pelo banco abaixo, de tão amedrontado que ficaste. Teve piada :)
E anos mais tarde houve outra pessoa que entrou à força no meu carro e me disse as mesmas palavras. E eu escorreguei pelo banco abaixo :) E ele conquistou-me e levou-me consigo nessa noite. Mas essa é outra história...
Lembrei-me da nossa história porque passei naquela rua. Naquela noite de Inverno mal me tinha despedido de ti e dos amigos, evitava-te a todo o custo porque ambos sabíamos que a longo prazo não ia resultar. E já éramos amigos há tantos anos que seria uma pena deixarmos de o ser.
Fiz uma aposta comigo mesma: "Passo lá na sua porta. Se o carro estiver, mando uma sms. Se não estiver, esqueço-o de uma vez por todas." E, na eventualidade (muito pouco provável) de ele lá "estar próximo do carro, encaro as coisas e falo com ele".
Matematicamente, não ia acontecer. E tem graça que a nossa relação vivia da matemática. Mas tinha de ser. Passei à tua porta e estavas dentro do carro. Estavas lá parado, a pensar, provavelmente no mesmo que eu. Cumpri o meu trato, abri a janela, convidei-te a entrar e fomos para longe. Para muito longe... E esquecemos o porquê de não querermos estar juntos.
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