Friday, January 18, 2008

Cheiro a Paixão Platónica

Naquela noite apaixonei-me pelo teu sorriso. Ontem apaixonei-me pela cicatriz que tens na pálpebra esquerda. Adoro cicatrizes, trazem consigo personalidade e estórias a haver.

Naquela noite vi-te vibrar ao som dos anos 90. Aquelas melodias que me embalaram enquanto me criei, que me ajudaram quando me sentia só ou triste, que me motivaram quando tinha dúvidas. Aquelas músicas que me dizem tanto, que me fazem vibrar... Que me fazem sonhar outra vez. Também tu dançavas ao som das minhas músicas. E também os outros. Mas eu via-te só a ti.

Mexias as ancas sem medo, como deveria ser, como todos os homens deveriam fazer. Mas não fazem. Por medo ou vergonha, talvez. Com o andar desajeitado que tens nao esperava que te soubesses mexer. E eu observava-te. E sorria. Porque me sentia bem.

Estava leve, fresca, feliz. Apaixonada. Platonicamente apaixonada. Plenamente consciente de que as emoções exarcebadas que sentia não perdurariam, gozava cada instante. Olhava-te, sorria-te. Via-te dançar, sorrir, falar. E sonhava, alto, alto... Sem nunca cair ou me permitir adulterar a realidade.

Aquela noite foi mágica, quente, verdadeira, pura e bela. Estava apaixonada e não andava à conquista, não procurava prémio. Estava bem comigo própria e bem com a minha paixoneta. Foi uma noite de-li-ci-o-sa.

Até dançamos um com o outro. Senti o teu cheiro, o teu ritmo, os teus braços, as ancas, as pernas, as costas, os contornos de uns músculos a haver... e o anseio por um abraço. Foi difícil conter-me.

Ontem olhavas-me com olhos brilhantes, quase derretidos. Hoje também, e aproximavas-te de mim hesitante, quase a medo. Parecias um puto apaixonado. Como eu gostaria que fosses mesmo um puto apaixonado.

E não faço nada. Pois quero estar perto de ti e não estragar estes momentos, que são eternos. Estes momentos que me inspiram e acalentam a minha alma, que motivam e deixam sonhar. E sinto-me voar...

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